A Rodoviária de Aracaju Precisa Acompanhar a Grandeza do Seu Povo, da Sua Praia e da Sua Culinária


Aracaju sempre foi um dos destinos mais acolhedores do Nordeste. Quem roda o Brasil como eu, vivendo na estrada e contando histórias no Roberto No Trecho, sabe reconhecer de longe quando uma cidade tem alma boa — e Aracaju tem de sobra. Mas também sabe identificar quando algo precisa melhorar. E aqui, infelizmente, a rodoviária de Aracaju não acompanha a grandeza do restante da capital sergipana. Falta cuidado, falta modernização e, acima de tudo, falta tratamento adequado ao turista que chega pela primeira vez procurando uma boa impressão.

A rodoviária, que deveria funcionar como cartão de visita, muitas vezes oferece uma experiência desgastante. Quem desembarca ali encontra um ambiente pouco organizado, com sinalização insuficiente, estrutura limitada e um clima geral que passa a sensação de abandono. Para quem vem de longe — especialmente turistas que não conhecem a cidade — isso interfere diretamente na percepção inicial sobre Aracaju. E sabemos: a primeira impressão pesa.

Mas a alma da cidade, por sorte, não cabe dentro do terminal. Basta o visitante atravessar as primeiras ruas, conversar com qualquer sergipano ou chegar mais perto do mar para perceber que Aracaju é muito maior que sua rodoviária. É aí que a capital se revela: generosa, tranquila, iluminada por um povo que sabe receber.

O povo de Aracaju é o maior patrimônio que a cidade tem. A forma como os aracajuanos tratam quem chega é de um calor humano que não se encontra em qualquer lugar. Há simplicidade, mas há também uma honestidade nas relações, uma vontade sincera de ajudar, de orientar, de fazer com que o visitante se sinta em casa. No fundo, é esse espírito sergipano que transforma qualquer viagem simples num trecho lembrado com carinho.

E quando o turista finalmente chega ao litoral, entende por que Aracaju está sempre na lista dos destinos mais tranquilos e prazerosos do Nordeste. A Orla de Atalaia, por exemplo, é um espetáculo à parte: organizada, limpa, ampla e cheia de vida. Caminhar por ali, seja para ver o pôr do sol, seja para sentir a brisa constante do mar, é uma experiência que compensa qualquer cansaço da chegada. A praia tem algo que mistura paz e alegria, como se o mar sergipano conversasse com quem o visita.

E a culinária… ah, essa dispensa apresentações. A gastronomia de Aracaju carrega muito da identidade do estado: forte, saborosa e autêntica. O caranguejo, mais famoso que muita celebridade, é praticamente um ritual nas noites aracajuanas. A cada mesa, um amigo, um riso, um aperto de mão, um "prove aqui, tá melhor". Tem ainda a moqueca, a tapioca, o pirão, os frutos do mar fresquinhos e o tempero que só quem vive na beira do oceano sabe preparar. Comer em Aracaju não é apenas se alimentar; é participar da cultura, é sentir a cidade no paladar.

Por tudo isso, é impossível não enaltecer o que realmente faz Aracaju ser Aracaju: seu povo, sua praia e sua culinária. Esses três pilares sustentam a experiência de qualquer visitante e carregam, sozinhos, a responsabilidade de mostrar a grandeza da capital.

Mas também é impossível ignorar a necessidade urgente de melhorar a rodoviária. A cidade merece — e o turista também. Uma capital tão rica culturalmente e tão bonita não pode permitir que seu principal ponto de entrada funcione abaixo do que representa. Modernizar o terminal, dar um atendimento mais digno, investir em infraestrutura e segurança é um passo essencial para alinhar o começo da viagem com tudo o que Aracaju oferece depois.

Escrevo isso não como crítica vazia, mas como alguém que vive na estrada, que passa por centenas de rodoviárias e sabe identificar o potencial quando vê. Aracaju tem brilho próprio, tem força, tem identidade. Agora, só falta o básico: uma rodoviária que esteja à altura da cidade que a abraça.

Roberto Ferreira, do Roberto No Trecho

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